Música - Em sua quarta edição, Hopi Pride acerta ao escalar pela primeira vez line-up 100% LGBTQI+
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Em sua quarta edição, Hopi Pride acerta ao escalar pela primeira vez line-up 100% LGBTQI+

O tempo não era dos melhores. Várias pancadas de chuva ao longo do dia e oscilação de temperatura do frio para o calor marcaram a quarta edição do Hopi Pride, anual festival LGBTQI+ do parque Hopi Hari, localizado em Vinhedo, São Paulo, que aconteceu do sábado (23) para o domingo (24). Mesmo com o clima desordenado, mais de 15 mil pessoas compareceram ao evento, que faz parte das comemorações de 20 anos do parque.

Além das atrações do complexo, o evento teve, pela primeira vez, um line-up 100% LGBTQI+ : Karol Conká, Urias, Mateus Carrilho, Aretuza Lovi, Pepita, Lia Clark e Pabllo Vittar foram os responsáveis da vez para agitar os shows que começaram na noite de sábado e só foram terminar com o domingo quase amanhecendo. Antes de iniciar os comentários sobre as atrações, é justo dizer: foi o melhor line-up do evento até hoje. Digo isto porque já fui em todas edições, e apesar de Rouge, Wanessa e demais artistas serem incríveis, quando a música vêm daqueles que vivenciaram ou vivenciam o que você sofre, é diferente.

Shows

Pontualmente às 19h00, Karol Conká subiu ao palco. Comparando com os demais artistas da noite, ela era a mais destoante musicalmente. Foi um acerto coloca-lá para abrir o festival. Seu ótimo disco “Ambulante”, lançado no ano passado, serviu de repertório principal para a apresentação. Kaça, Bem-sucedida e Vida Que Vale se juntaram a antigos sucessos como Gandaia, Tombei e Bate a Poeira.

Anunciada primeiramente para ser atração do palco alternativo do festival, Urias foi remanejada de última hora para o palco principal. Com apenas um EP lançado, o repertório da amiga da Pabllo Vittar ainda é pequeno, mas sua sonoridade, que não é tão pop como dos outros artistas do line-up, deu o frescor necessário.

Trajado em um conjunto da Gucci, Mateus Carrilho, que ainda dá os seus primeiros passos em carreira solo, trouxe o seu séquito de dançarinos para, até então, realizar a performance mais elaborada da noite. Em 1h de concerto, o ex-vocalista da Banda Uó , em coreografias muito bem executadas, trouxe ao palco todos os seus singles avulsos, incluindo as canções de seu EP “Não Nega”, lançado em outubro do ano passado. Remetendo ao passado, o músico não deixou de fora grandes sucessos de seu extinto grupo. Faz Uó e Búzios do Coração não ficaram de fora da setlist e causaram comoção no público. Saudades, Banda Uó!

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Não tão reconhecida quanto suas amigas, Aretuza Lovi foi a quarta atração da noite. Os fãs que esperavam que a drag cantasse a maioria das músicas de seu disco “Mercadinho”, foram “decepcionados”. Aretuza desprendeu-se de seu repertório, e fez um show praticamente pautado em hits populares de todos os gêneros, épocas e gostos. Para se ter uma ideia, rolou de A Lenda, de Sandy e Junior, até o hit viral Eu Sou Stefhany, versão brasileira do sucesso A Thousand Miles, da cantora Vanessa Carlton. Para não dizer que Aretuza esqueceu de todas as suas músicas, as parcerias Movimento (feat IZA), Catuaba (feat Gloria Groove) e Joga a Bunda (Pabllo Vittar e Gloria Groove), foram lembradas.

O sábado já estava chegando ao seu fim quando Gloria Groove, mais confiante do que nunca, chegou. Com o EP “Alegoria” que estreou há duas semanas, a drag fez um show com muito funk, trap, soul e pop. Apesar da música Mil Grau ter saído este mês, já está na boca do povo o futuro hit. Em comparação com a sua apresentação no Pride do ano passado, é notável o quanto Gloria se tornou uma artista muito mais segura. As coreografias estão mais trabalhadas, assim como o seu discurso: “Ei, bixa gorda você pode tudo”, foi uma das frases marcantes de sua apresentação.

Primeira atração da madrugada de domingo, a dona das coxas mais famosas do Brasil, Pepita, chegou com look pantera cor de rosa com a intenção de agitar a fria madrugada. No entanto, foi o show mais desanimador da noite. Sem nenhum disco lançado até hoje, Pepita fez um show pobre em diversos sentidos. Seja pela setlist apenas com músicas de outros artistas, assim como sua aparente falta de animação. Não estou me referindo a coreografias exuberantes, mas sim, presença de palco mesmo. No fim, a performance de Pepita ficou marcada apenas pela participação de Nininha Problemática – drag queen baiana que está em busca de seu espaço.

No ápice da madrugada, chegou a sexta atração: Lia Clark. Há um ano com a turnê “É da Pista”, Lia mostrou toda a sua evolução vocal e corporal com os sucessos “Bumbum no Ar”, “Tipo de Garota” e “Chifrudo”. Vale lembrar que ela foi a artista que inaugurou o festival, sendo a única atração da edição de 2017. Bem coreografado e cheio de breaks de dança, Lia fez uma das melhores apresentações da noite. Kika Boom foi a convidada especial da Lia. Famosa por suas composições, mas não tanto como cantora, Kika apresentou ao público o hit viral Loka de Pinga e a sua atual música de trabalho, Bomba Kleyton.

Atração mais esperada do evento, Pabllo Vittar entrou em cena às 03h30 da manhã, e apesar da gelada madrugada, nada atrapalhou sua performance. Iniciando com Flash Pose, o seu concerto era aguardado pois tratava-se de um dos primeiros shows da nova turnê de Pabllo, intitulada de NPN 2.0, que nada mais é que a continuação da primeira, só que agora com a primeira parte do EP 111 inclusa na setlist.  Devo dizer que já vi diversos shows da Pabllo, mas foi, de fato, o melhor som que vi dela até hoje. Questões vocais de lado, esta é ,sem dúvida, a turnê mais bem executada da drag queen. As novas coreografias estão dignas de qualquer diva pop americana, e mash-ups de músicas como Kill This Love, do BlackPink, caíram perfeitamente em seu repertório cada vez mais plural.

O Parque 

Com todas as atrações abertas das 14h00 às 19h00, e depois só as radicais até às 02h00, esta foi a edição em que mais detectamos problemas nos brinquedos. Um dos grandes contratempos foi a Katapul, mais conhecida como montanha russa do Superman. Além de abrir bem depois das  14h00, a atração enfrentou diversas paradas técnicas ao decorrer do dia, causando filas quilométricas. Até o seu fechamento, às 02h00 da manhã, era possível ver que o brinquedo infelizmente não estava em seus melhores dias.  O Evolution, outro brinquedo adorado, também teve seus empecilhos. Apesar de não ter tido tantas pausas como o citado anteriormente, a estrutura que leva ao ar mais de 10 pessoas, teve um atraso de abertura enorme. E sim, a falta do Ekatomb, que estava em manutenção, foi sentida.

Em comparação ao ano passado, no entanto, vale dizer que a estrutura dos banheiros melhorou. O parque finalmente entendeu que os sanitários próprios não são capazes de comportar todos, e espalhou diversos banheiros químicos em áreas isoladas do complexo. Ponto positivo.  O mesmo não pode-se dizer dos bares. Apesar de vários, não foram suficiente. Em certos momentos, a espera na fila chegava a ultrapassar mais de 30 minutos. Vale ao parque rever esta questão no próximo ano.

Ficamos na torcida para uma quinta edição mais colorida e maior. Quem sabe uma atração internacional no line-up? Fica a dica, Hopi Hari!

Crédito fotos: Hopi Hari

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